Biofilia significa: “amor à vida”. Foi um termo criado por Erich Fromm, psicólogo e filósofo, em 1964. Mas o biólogo Edward O. Wilson em 1984 que o difundiu , quando lançou o livro com o nome Biofilia que explica a afinidade inata dos seres humanos pelo mundo natural e a grandiosidade desta conexão.
A praça da Apple em Macau forma um oásis de tranquilidade.
É uma sala urbana que atrai pessoas para o local (Foto e projeto: Foster + Partners)
Vivemos hoje, 90% de nossas vidas em ambientes internos, por isso é tão importante saber como podemos projetar esses espaços de forma mais saudável. As decisões de um projeto tornam-se tão importantes para a nossa saúde quanto as de um médico.
O Design Biofílico é uma forma inovadora de aproveitar a afinidade com a natureza para criar ambientes onde possamos viver, trabalhar e aprender com mais saúde, melhorando o desempenho e bem-estar físico e mental das pessoas.
A Biofilia é conhecida por muitas pessoas, mesmo sem que saibam o nome do termo. Se perguntarmos para as pessoas onde elas gostariam de relaxar ou onde se sentem melhores, a maioria responderia em algum lugar em contato com a natureza. É instintivo.
A resposta começa nos nossos ancestrais. O conceito do Design Biofílico vem da ideia de que 99% do nosso desenvolvimento é uma resposta adaptativa ao mundo natural. Se pensarmos no passado, a maior parte da nossa evolução como espécie se deu em ambientes selvagens, como florestas.
Nossa capacidade de respirar, enxergar, perceber o espaço e todo desenvolvimento das nossas funções corporais surgiu do contato direto com a natureza. Em um mundo com a rápida urbanização e o crescimento da tecnologia, essa ligação fundamental muitas vezes é perdida. Como o nosso habitat mudou do mundo natural para o mundo construído, precisamos achar soluções para criar um habitat saudável no ambiente moderno construído.
Compreendendo os benefícios deste contato direto com a natureza de uma forma científica é que surgiu o conceito do Design Biofílico. A prática do Design Biofílico envolve a aplicação de várias estratégias de projeto, às quais que nos referimos como experiências.
Experiência Direta da Natureza: contato direto com a natureza.
Sede da Amazon, em Seattle, nos Estados Unidos. A presença das plantas pode reduzir o estresse, contribuir para a saúde física, melhorar o conforto e melhorar o desempenho e produtividade.
Experiência indireta da natureza: apresenta imagens de padrões e processos naturais da natureza, uma transformação da condição natural da natureza.
Hospital infantil The Royal, em Melbourne, na Austrália. A inclusão de características naturais como aquários tem sido associada a níveis mais baixos de ansiedade do paciente em ambientes de saúde.
Experiência de lugar e espaço: características naturais do ambiente.
A Casa Flutuante em Punta Arenas, Costa Rica, projetada por Benjamin Garcia Save utiliza espaços de transição para conectar o ambiente interno e externo à floresta, contribuindo para os sentimentos de orientação e segurança. A aplicação bem-sucedida do Design Biofílico resulta em diversos benefícios físicos, como melhor condicionamento físico e menor pressão arterial; mentais, como menos estresse e ansiedade; e comportamentais, como melhor interação social e menos agressividade.
Existem várias táticas que os arquitetos podem usar para incorporar os princípios de Design Biofílico. De acordo com o livro 14 Patternes of Biophilic Design (14 Padrões do Design Biofílico), os padrões de Design Biofílico se dividem em três grupos:
Na República Checa, o escritório da empresa de mídia Economia tem um bom embasamento no design biofílico: recebe boa entrada de luz natural, conta com uma ampla área verde, aposta em formas arredondadas e investe em uma integração entre as áreas
Amplitude, fundamento e envolvimento contínuo
O design biofílico é pensado no início do projeto corporativo e deve ser implementado desde sua concepção. Não basta, apenas, inserir alguns materiais inspirados na natureza na hora de concluir a entrega do espaço acreditando que é isso que transformará o ambiente. É preciso abraçar a ideia de que um escritório construído com base em aspectos do mundo natural contribui grandiosamente para a saúde e o bem-estar dos colaboradores.
Note como esse ambiente do escritório da Orygen tem vasta entrada de luz natural. Esse é um dos caminhos de quem busca mais integração com a natureza no ambiente construído.
Melhor qualidade do ar e ventilação: as pessoas que passam a maior parte do dia dentro de um escritório ou outro tipo de prédio, geralmente, fazem uma pausa para “tomar ar fresco”. Os arquitetos podem responder a esse anseio usando recursos de Design Biofílico, com muitas janelas, portas de correr que se abrem para áreas externas, claraboias ou sistemas HVAC que ajudam a promover uma troca de ar saudável;
Iluminação natural: o acesso à luz natural é um fator enorme no bem-estar dos ocupantes dos edifícios. Porém, O excesso de luz pode resultar em brilho desconfortável, enquanto a falta dela pode resultar em espaços inadequadamente iluminados. Os dispositivos de proteção solar, a orientação e as relações janela/parede devem ser considerados no projeto do edifício, a fim de otimizar a luz do dia. Embora fornecer muitas janelas seja a solução mais simples para isso, nem sempre é possível. As alternativas para resolver o problema incluem a implementação de tubos solares ou átrios de vários andares, que permitem que a luz natural difusa penetre nos espaços interiores;
Acústica aprimorada: o ruído do sistema HVAC, outros equipamentos mecânicos, elevadores e moradores de edifícios podem ser gerenciados por meio de recursos de design, como painéis acústicos. As soluções biofílicas para problemas acústicos também incluem plantas internas estrategicamente posicionadas e fontes de água que ajudam a mascarar sons indesejados;
Paredes e telhados verdes: paredes e telhados verdes não apenas acrescentam oportunidades visuais para se conectar à natureza, mas também melhoram o meio ambiente. Uma fachada verde colocada sobre uma parede existente ou uma “parede viva” composta de plantas pode ajudar a reduzir o efeito da ilha de calor urbano. Em climas quentes, um telhado verde atua como um fator de resfriamento, assim, evitando a penetração da luz solar. Já em clima mais frio fornece maior isolamento resultando em menor demanda de aquecimento;
Espaço de descanso: o descanso é tão importante quanto o esforço para aumentar a produtividade. Um dos 14 Patternes of Biophilic Design (14 Padrões do Design Biofílico), o “abrigo”, fala justamente da criação de um espaço para descanso ou cura, que permita aos funcionários recuperarem as energias e voltarem renovados às suas estações de trabalho;
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Referências do post: Archtrends, Ecotelhado, “The Practice of Biophilic Design – Stephen R. Kellert, Elizabeth Calabrese” e “Nature by Design – The Practice of Biophilic Design – Stephen R. Kellert”.